De quem é a culpa?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TALVEZ

(trilha sonora: Bob Dylan)

Tal é a vez do futuro, em que o Incerto anuncia:
"Talvez daqui a alguns anos, talvez daqui a alguns dias,
a vida mude, a vida pare, a vida floresça... A Vida desvia!
Talvez daqui a pouco o cimento seque,
e as pegadas não se prenderão mais aos passos!"

E talvez o amor se faça novamente extemporâneo,
abrindo as almas para a luz do meio-dia...
Talvez o amor trace pontes entre um distante e outro
e povoe o mundo com criaturas grávidas de desconhecido!

E se tal é a vez do Tao -
preto e branco, mulher e homem, como e porque,
amigo e inimigo, passado e futuro
fusos em um híbrido só -,
talvez sejamos híbridos luzidios, dançarinos disjuntos
a bailar um carnaval de máscaras que revelam máscaras?

Talvez, Talvez....

Tal é a vez da morte, talvez mil vezes ocorrida
durante toda uma vida...
Mas, talvez cada morte
seja só mirante para o palco da eternidade,
no qual se dançam mundos compossíveis!

Tal é a vez das cinzas dos vulcões -
testemunhas da lava original de todas as almas minerais!
Talvez algo de nós seja cinza, pó,
restos de pensamentos calcinados,
de paixões carbonizadas
presas em um presente
fantasiado de "para sempre, amém!"

Sei que em tudo sinto o perigo que porta cada "talvez":
Talvez eu já não seja, talvez já tenha ido,
talvez já paradoxo eu vibre mais de um sentido.
E no talvez me anuncie novo, imperfeito,
Talvez livre?
Talvez, talvez...

(Renato Gimenes)
(atendendo a um pedido teu: eis aí!)

Um comentário:

  1. Um "monólogo shakesperiano".
    Descobri que tenho medo dos poemas do Aloísio. Medo.
    De vez em quando me conheço sufocado por eles, atormentado por eles: pelo sentimento nato que a carne das palavras sangra. Tomara que ele nunca me peça para ler isto.

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