De quem é a culpa?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Elegia à última rosa

(por Marlon Vilhena)

Trilha Sonora: Come Down (Bush), versão acústica; Merman (Tori Amos).


A última rosa morreu. Não mais água, não mais adubos, não mais amores. Dela sobeja um broto de saudades a reclamar, murcho, por vida.

A última rosa morreu: um raio de luz que veio e passou pela única fresta da porta dos fundos. Cansou da espera pelo paraíso e pelo perdão dos homens. Fechou os olhos, baixou as pétalas. Ouviu a brisa, respondeu amém. Espinhos tortos. Mão nenhuma para sangrar. Sem lágrimas nem salvação. Morreu última, cálida, soberana. Passam nuvens, passa o sol, vem a lua, volta o sol. Morreu a rosa só. Só. Palavra imensa de morte a reclamar, mínima, por vida.

2 comentários:

  1. É curioso notar como certos textos parecem ter uma relevância muito pessoal, dependendo do ponto de vista de quem o lê. Intrigante.

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  2. (antinomia)
    como morro e me despetalo todo dia,
    após cada mal-me-quer
    de bem-me-quer, mal-me-quer.
    vou seguindo nessa partida sem agonia
    conta a conta
    a cair
    no entardecer do anoitecer do fim do dia

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