Veraz que o peso das ervas
carregará para longe
os maus agouros,
o mal-olhado
o Mal
enfim lavado
por chás e folhas e óleos
e outros
compostos de fé.
Veraz que o peso dos peixes
em postas dispostas à venda
carregará a fome para longe
em pratos de comida contada
em reais contados
saídos de carteiras rotas.
Veraz que o peso do desejo
inscrito em corpos magros
trará para perto a satisfação paga
em esquinas e quartos de hotéis baratos
e em chão-cama feito nas sombras
com papelões fartos.
Veraz que o peso das torres
de aço fincado
manchará de azul a beira d´água,
trará à memória sem eira nem beira
a água navegada
e o vôo dos abutres
sobre velas abertas
por ventos incertos,
soprados pela vida
de pescadores atemporais.
Veraz que o peso dos barcos
atracados e reclusos
do tempo das marés
marca o ir e vir
de séquito de povos e reses
de fortunae de reveses
de séculos de baía aberta
em sinas
ou escolhas.
(Renato Gimenes)
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