De quem é a culpa?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Becos (Wild Side)

Vi-te exposta
em letra, em ruído,
em sussurro
de voz grave,
voz áspera
como teu couro negro
ampla
como teu sexo fluido.


Os teus becos,
eu também os conheço:
os corpos sem fronteiras,
os beijos
concessões
de desejos aflitivos
transpirando
e ejaculando
ternuras
em braços
que são armas
que são flores
que são falas
que são presas
que escorregam
por causa do teu suor...

Os teus becos
são também meus becos!


E suas palavras
são também saliva
que marca o copo
do meu whisky
que arde
minha caligrafia
derretendo
e moldando
a cera
da qual sou feito.

Meus becos
são preenchidos
com tua palidez.


Meus becos
eu os desdobro
com as letras
que me brotam
que me adentram
que me seduzem
e que me lembram
os teus desenhos
rejuvenescendo
continuamente
tua pele!


Meus becos
São também
tuas dobras
que se infiltram
em meus túneis
de silêncio
de água
de sangue
de carne
e me aquecem
me deixando pronto
para a morte
para a vida
para a palavra.


Meus becos
são também
as dobras
de tuas palavras...

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