by Namio Harukawa |
SOBRE O INTERMINÁVEL SISTEMA DE APELOS EMOCIONAIS
Um homem e uma mulher...
Gritam à procura de seus verdadeiros nomes
Pelas noites do bairro do Comércio
Bateria de blues, por favor
Mas existem motivos insuspeitos (amargos?)
Para que relacionamentos existam:
O cinema dos anos 70 é um deles (...)
Mas as separações levam meses.
Terminam em filas de cinema, corredores de teatros
Elevadores, em esquinas ladrilhadas
Dentro de carros
Estacionamentos por hora
Ameaças de gravidez
e-mails não enviados, ou lidos
redes sociais
ESTA É A CIDADE DE BELÉM. NÃO MEXA COM NINGUÉM!
Acordei chorando e com o pau vermelho, ardido
Penso: - “Outra briga”.
Havia algo quebrado na cama, porque eu não conseguia levantar
Talvez fosse o amor me aleijando de vez.
Amor?
(...) – “Está falando daquilo que sentimos pouco antes de percebermos que gostamos de alguém?”
Mas o amor é o ganha pão de muita gente.
Bandas de axé, pagode e forró geram dor de cotovelo em massa
Por causa de sexo e dinheiro
Definem um tipo certo de bunda, de seio, de cor de pele
(...) de preço na lata
Atitude jamais, cruz em credo, existe o Círio, pagam bem
SUPONHO QUE O CARNAVAL SEJA MAIS ATRAENTE
Olho para aquele tamanho suculento e cansado de bunda
E penso, altruísta, comigo:
- “Continua gostosa!”
Mas me senti numa piada do Costinha:
“Me cantou três meses para...”
Ela me percebe acordado
Vira-se
Seus vinte e dois anos me flagram tendo medo
Diz, jocosa:
- “Pega minha bolsa. Pega.”
Ali, naquela coisinha, em cima daquela coisinha.
Penso: - “Coisinha é o caralho!”
Minto: - “Não te comi por dinheiro.”
- “Achou minha buceta uma bosta?”
Minto: - “Não tenho raiva de você.
Apenas não tenho mais nada a dizer.”
- “Toma. O dinheiro do aluguel” – ela diz.
Ouço um pouco de choro tenaz enquanto visto a calça amarrotada:
- “Você nem me beijou” – ela se queixa, detalhista, como sempre.
O resto veio num estalo:
Começando pela guerra dos sexos e os direitos civis.
Penso em Augusto dos Anjos,
Penso no movimento feminista mundial,
Penso nas dietas, no voto secreto, rock’n’roll psicodélico,
No esperança socialista e boa praça,
No povo brasileiro, violento por natureza (nas novelas, não).
(...)
Mas não entendo nada disso.
Portanto,
e pela primeira vez,
respondo sem temor,
coçando o braço direito:
- Fiado só amanhã.
não é bem um poema, são cenas livres de história que criam uma empatia irresistível com o leitorm não dá pra saber onde começa nem onde termina pois simplesmente as conexões não tem fim muito legal(Elton Ferreira)
ResponderExcluirsoberbo...gostei muito! *.*
ResponderExcluirMuito, muito obrigado por sua leitura. Você não tem idéia de como foi importante pra mim.
ExcluirSr.Salvatore, sempre q possível estarei aqui...gosto das coisas lindas q saem de sua mente, virei umas fã, espero q tenhas sempre inspirações e que tenhas sempre disposição e nunca deixe esse seu talento apagar, os textos de seus amigos tbm são otimos...abraços... voltarei sempre q possível ok?
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