De quem é a culpa?
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
VOCÊ ME GUIA (de Gleice Portugal)
Compartilhamos nostalgias perdidas,
no brilho dos olhos...
como uma melodia muda de sentimento secreto
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
LIBRA (versão Vilhena dos Signos)
Trilha Sonora: ...,.....,..,..,,,.....,.....,......,..,......,,......,,,....,..,....,.....,.
ILDEBRANDA MOCCIA
Fica o meu pedido para que não se deixem abater e o meu colo e conselho de mãe para que voltem a escrever.E Marcos, feliz aniversário. Eu deveria ter dito isso antes, não quis dizer, mas eu amo você.
TOURO (CHATO. EU?)
Trilha Sonora: Todo Errado – Jorge Mautner & Podres Poderes – Caetano Veloso.
O BILHETE – 10h.
- Bom dia!
- Bom dia, senhor.
- Por favor, eu quero uma passagem de camarote para Belém.
- O senhor quer uma cama?
- Não! Camarote mesmo.
- Não vendemos camarote, senhor, vendemos cama.
- Como assim?
- É o seguinte: nós temos passagens para rede e para cama.
- Mas no barco que eu vim, eu comprei camarote. Neste não há camarote?
- Há, senhor. Mas é que no camarote há quatro camas, aí o senhor compra uma delas. Entendeu?
- Quatro camas? No que eu vim havia apenas duas. E era camarote.
- Não! O senhor veio numa suíte, então.
- E nesse barco, não há suíte?
- Há, senhor.
- Então eu quero uma suíte.
- Como lhe disse, na suíte há duas camas. O senhor tem de compra a suíte inteira.
- Por que isso? Eu estou sozinho. Não preciso de duas camas.
- Infelizmente, senhor, só posso vender a suíte inteira.
- O que um passageiro sozinho precisa fazer pra viajar numa suíte? Ficar aqui em prontidão esperando que outra pessoa resolva comprar passagem?
- Desculpe, senhor. Mas só posso vender a suíte inteira.
- Então me venda mesmo o camarote.
- O senhor quer dizer uma cama?
- Linda, se sou apenas uma pessoa e estou comprando uma passagem no camarote, não fica subentendido que eu estou querendo apenas uma cama?
- É que, no camarote, nós vendemos camas, senhor.
- Ah...então eu posso levar a cama?
- Não, senhor!
- Ok! Tu do bem! Me vende então uma cama. Fazer o quê? Mas... no camarote!
...
- Sua passagem, senhor.
- Que horas sai exatamente o barco? Preciso calcular o tempo de viagem.
- Às 18h, senhor. Mas há uma tolerância de meia hora.
- Sei. Ele sai as 18h e 30min, né?
- Não! Na sua passagem, a hora marcada é às 18h.
- Escuta, querida, ele sai deste porto mesmo ou eu preciso nadar até a outra margem?
- Sai daqui mesmo, senhor, às 18h.
- Aff!!
O CAMAROTE – 18h 15min.
Um senhor que comprou uma das camas...
- Boa noite!!
- Olá! Boa noite.
- Escuta! Você vai aí nessa cama?
- Sim. Esse aqui não é o camarote nº 9?
- É... mas... você vai ficar aqui ou vai sair?
- Por quê?
- Porque eu quero dormir.
- E daí? Durma ué!
- Se você ficar entrando e saindo, não conseguirei dormir com o barulho.
- Desculpe-me, meu senhor, mas não vou deixar de ir ao banheiro ou fazer qualquer coisa que eu tenha direito nesse barco só porque o senhor quer dormir.
- A tua sorte é que eu tenho sono pesado!
- Minha, não! Sua.
UM PASSAGEIRO DE MEIA VIAGEM – 2h 33min.
No meio do rio, o barco diminui a potência para um embarque de um passageiro.
- É sempre assim? Um barco encosta no outro para o embarque dos passageiros?
- É... e a viagem de lá pra cá foi horrorosa. Choveu e balançou bastante. Pensei que fosse morrer.
- Você está vindo de onde?
- De Bagre.
- Como é lá?
- É uma cidadezinha. Muito pequena. Só há três restaurantes e neles não vende filhote.
- Porque é Bagre.
- Não entendi.
- Deixa pra lá... Quer dizer que a viagem até aqui foi ruim?
- Puta merda! Não quero nem pensar!... E nesse barco aqui também é muito escroto. De vez em quando, ele arrasta em um banco de areia.
- Esse aqui?
- Sim! Olha! Olha! Tá sentindo? Tá sentindo ele arrastar?
- Não, cara, não tô não. Aqui é fundo.
- Mas ele arrasta. E pode até virar. Pode crer!
- Amigo, ao viajar de avião, você só fala em tragédias?
- Não. Por quê?
- Você está fazendo isso aqui.
- Foi mal. Vamos mudar de assunto, né?
- Acho bom!
O DESEMBARQUE – 5h 50 min.
A esta altura, já havia voltado para o camarote, mas não consegui dormir porque o senhor que não queria barulho roncava só como ele mesmo. Forma-se uma confusa fila para desembarcar...
- Por favor, amigo, não empurra.
- Então vai logo que eu quero descer.
- Eu também, porra!. O senhor não está vendo que há várias pessoas na minha frente?
- Ô povo lento!
- Diga isso a eles, mas não empurra...
O sujeito continuou resmungando atrás, mas agora três posições depois de mim. Resolvi ignorá-lo.
O TAXISTA – 6h 20 min.
Desembarque movimentado. Os taxistas disputavam os passageiros e vice-versa. Até que consegui um que, para meu azar, escutava um tecnobrega...
- Bom dia!
- Bom dia! Almirante Barroso, no Marco, por favor.
- Ok!
- O senhor pode desligar o som?
- Não gosta de brega?
- Detesto!!
Segundos depois...
- Foi boa a viagem?
- Conturbada!
- O barco chegou agora?
- Se o senhor não tem o que dizer, não pergunte!
- Opa! Desculpe.
- Tudo bem. Desculpe-me o senhor. Só estou com um pouco de sono.
- Eu entendo...
- Nesse horário ainda é bandeira 2?
- É! Bandeira 1 só a partir das 8h.
- Tem algum desconto?
- NÃO!
Taxista chaaato!...
(Por Fabio Castro)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Entropia (parte I)
Trilha Sonora: The Silence Cries (Trail Of Tears).
ANONIMATO
Do anonimato
Alegria de ver sem ser visto:
Aconchegante panopticon -
alegria e benção de invisibilidade.
Com o anonimato
consegue-se
essa conversa estranha
entre estranhos.
Conversa de
palavra pura
por palavra pura.
E, com efeito,
do anonimato
se segue a conversa
entre o anônimo
e o homônimo.
Mas, da conversa
entre o anônimo
e o homônimo,
quem leva vantagem?
O que se faz
quando não se conta
com heterônimo
ou pseudônimo?
O que se faz
quando se é, apenas,
homônimo
e irritantemente aprendiz?
O homônimo persiste
no seu único direito
- defeito -
de continuar errando
de uma palavra à outra
de uma tentativa à outra
em busca de consistência,
tentando conquistar
por prêmio
o direito de transformar
o homônimo
em assinatura.
O homônimo espera que,
do anonimato
e de sua liberdade
absoluta e
desproporcional,
vozes peçam mais,
vozes peçam menos,
vozes peçam retoques,
supressões,
níveis de qualidade.
Vozes peçam,
imperativamente,
o que querem.
Produto pronto,
mas não processo?
Pedem sucesso?
Com certeza,
não pedem errância.
Quando errar
é tudo o que pode
o homônimo.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
EMOÇÕES CRÔNICAS (de Gleice Portugal)
na minha garganta, sinto um nó, como se fosse um enigma...
me instala com um ponto de interrogação...
A BANDA (de Juliana Calonico)
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Trincheira
Trilha Sonora: War Zone (Slayer).
sábado, 19 de fevereiro de 2011
É PRECISO VOAR (de Ronaldo Fonseca)
Deixemos que nossas asas cresçam
E a plumagem se erice ao vento
É tempo de enterrarmos a corrente
Darmos asas aos nossos sentimentos
O medo cai da bagagem
Quando o coração vira enchente
É tempo de voar
Ir de encontro ao transparente
É chegado o momento
De pousarmos um no outro
Num encaixe de liberdade e cimento
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/2781399
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
ALHO PSICOLÓGICO (de Marcos Salvatore)
Como diria a Ângela Rô Rô: - "Tadinha, bem feito".
Take it easy, baby.
De qualquer forma... paciência.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
ROTINA (de Haroldo Brandão)
Era um dia comum e a vida seguia normalmente de forma caliginosa. Na penumbra cinzenta o homem sentia que devia mas... parava e ficava no 12º salto para o nada. Aos 50 lia-se na placa quase enferrujada: Arnaldo Bobão - Psicólogo. Ao se entrar estranhamente nada acontecia, apenas uma faísca de vida saltitava entre o céu e o inferno que, todos sabem, somos nós mesmos. O que fazer senão viver?
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
BAR AZUL (de Marcos Salvatore)
by Sara Saudkova |
Bar Azul
Enquanto eu estou na minha
PRESENTE SURPRESA (de Marcos Salvatore)
by Edouard Joseph Dantan |
Se eu forço a barra é porque
A psiquê anos setenta
Andrógina, anti heroína
Do menino calado
Atroz e atento
Observador dos detalhes mordazes
Voyer, ladrão de chaves incidentais
Colecionador afetivo à procura
De tantas fechaduras para espreitar
A sua
Então vem, que é você
Quem me encontra à própria sorte
Vem, que todos os seus lábios
São também um pouco a minha boca
Tira onda e faz drama
Presente surpresa
Para depois nos abraçarmos algemados
Aos suores e odores elásticos
Às confissões perturbadoras de dores
Da gangorra do passado comprometedor
O que eu escrevi e o que não
Sem pensar no que vinha a seguir
Eu sou aqui
Com suas ancas macias
Sem alma, jogo limpo na mesa de som
Apenas tudo que é lindo à cada dia
Tudo salva de palmas
MOVEDIÇO (de Marcos Salvatore)
by Minjae Lee |
Parece um poema sem sentido e sem sina,
Parece, talvez seja
carinhosa, semblante
Com linha molhada de língua
Não com a voz que subjuga.
Um corpo minguante e carente de afeição
Deve mesmo ser batizado
Pelo sabor e o licor de uma vagina de puta
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Poema XV, de Pablo Neruda
Trilha Sonora: o vento ao final do dia no cais de Valparaíso.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas del alma mia,
emerges de las cosas, llena del alma mia.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simples como un anillo,
Eres como la noche, callada y constellada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.