(por Marlon Vilhena)
O tema proposto refere-se à última frase do conto “Em todos os sentidos”, da grande escritora Maria Lúcia Medeiros.
Trilha Sonora: Sinfonia Nº 5 em Dó Sustenido Menor (Gustav Mahler).
Um poeta sangra amor dentro de um maço de cigarros.
Um poeta é um fodido a farejar num cabaré.
Meu poeta diz amém às putas pobres de Bukowski.
Meu poeta não tem pátria, não tem lar, nem mesmo fé.
Um poeta não se faz numa gaiola abrilhantada.
Um poeta não espera sua morte por perdão.
Meu poeta planta um mar de danações e regozijos.
Meu poeta ensaia a vida em cima de um papel de pão.
Um poema não se escreve, colhe-se das tempestades.
Um poema tem a forma de um tornado de saudades.
Um poema nunca pede para ser revelação.
Meu poema é um mergulho em ossos, carnes e acidentes.
Meu poema é um comboio de fantasmas delinquentes.
Meu poema nada sabe do que seja redenção.
Impossível de não comentar.
ResponderExcluirUma visão curiosa sobre o processo de criação do autor e da obra; criador e criatura, vã e/ou sã. Como se desumanizando Eva, pudéssemos humanizar a maçã.
ResponderExcluirO poeta é um possuído. Fenômeno de equilíbrio entre o veneno e a benção.
Sem dúvida um belo poema.
Um poeta sempre sangra!
ResponderExcluirMeu (teu) poeta, às vezes, é um papel de pão.
Um poema pede para ser revelação.
Meu (teu) poema é um fantasma de redenção.
Adorei o soneto. Excelente jogo entre o artigo indefinido e o pronome possessivo. (Comentário oficial!)
" Meu poeta diz amém às putas pobres de Bukowski... " e ainda colocaria as putas tristes de Garcia Marques.
ResponderExcluirBelo poema, Marlon.
Tenho um que é assim:
Com a morte do palhaço,
morreu aquele que nos fazia rir,
nos fazia chorar..
Chorar de rir.
Isso deu cartum.
Abs.
as caricas estão a caminho. Aguardem.
Emman
MARLON , FALAR SOBRE MERGULHO E SANGUE É UM PROCESSO DOLOROSO. COMO POETA ,SANGRAS DIARIAMENTE. O RESULTADO DE TUDO ISTO É SÓ UM.CHORO CATÁRTICO.
ResponderExcluirIlustrissimo Senhor
ResponderExcluirMarlon Vilhena,
Venho por meio deste transcrever-lhe um texto de A. Ruiz ao tempo em que apresento minha mais sincera sede de sangue;
Caudalosamente,
Celi Abdoral.
"o formigueiro
que você olhava
voltou ao seu lugar
você volta
a ver formigas
no meu olhar"
A.R.