Se não se percebe tanto
que o vento que sai
pela janela, vívido,
não deixa de ser
um ir embora,
como não se percebe
que aquele suspiro
saindo da boca, exausta,
assinala o momento
em que o amor pôs-se fora?
E se se entende
que o acender da luz
na sala branca
não deixa de ser
uma iluminação,
como não se entende
que a mesma luz na sala,
franca, esclarece
uma perene solidão?
A luz que ilumina
a voz ausente
que o vento varreu,
o vento que sopra
da memória o rosto
que se perdeu,
a sala que encerra
de forma branca e franca
um condição,
a luz, a brancura e o vento
que tornam possível um momento
de límpida assombração.
Sala-tudo
em que não se espera o lugar
mas uma história -
repetição.
(por Renato Gimenes)
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