(por Marlon Vilhena)
Trilha Sonora: buzinas, pássaros e ventos encanados.
Das
miragens de edifícios sujos, dos poemas escarrados por baixo das mesas vem um
hálito ácido da prontidão de deuses a coçar a bunda e a mastigar futuros de
boca aberta.
A mão dispara a pedra sobre o lago e um
reflexo torto se forma da carranca bruta sobre a água, agora mais espessa, a
pedra salta e outra vez salta, despedaça o sol, desconstrói o dia duas, três
vezes, então afunda num mistério líquido que sempre ali está, à beira de toda
alegria, de todas as dores, de toda certeza.
Um berro chega ao meio-dia. Um riso
chega ao meio-dia. Uma carta de amor chega por baixo da porta, e as sombras
jamais são perfeitas aos olhos de uma lagartixa.