“Para mim só contam os que são loucos por alguma coisa, loucos por viver, loucos por falar, loucos para serem salvos, os que querem tudo ao mesmo tempo, os que jamais bocejam, que não dizem banalidades, mas ardem, ardem, ardem como um fogo de artifício.” (Jack Kerouac)
Todas as vezes eu me trancava no quarto e não queria ver ninguém, a ressaca física e moral estava no auge e eu começava a pensar que meu tempo já era, incorrigível perscrutador do próprio umbigo olhava as pernas e achava que minha porção besouro estava se revelando. Com o travesseiro eu esmagava minha cabeça e a culpa me corroia o corpo todo, há muito tempo me inscreveram em uma história que ainda iria acontecer, não há genealogia segura mas Virgínia nos anos 30 deu para um grandississimo filho da puta e como resultado nasceu o futuro, correto, fiel e disciplinado contador, aquele que escapou de uma prisão e caiu nas garras da minha mãe. Talvez aí esteja a origem de toda a minha teimosia, dor e falta de paz. Os cabelos grisalhos avisam que o corpo já está saturado de som e rock’n roll mas as ruas, as luzes, as noites hipodérmicas me chamam e eu me sinto o super-homem nos paraísos- bares artificiais. Como toda ilusão, feito miragem no deserto aquilo desaparecia e me vejo perdido entre o inferno e o céu. As costas de Deus estão pesadas e desconfio que não haverá salvação; onde a luz? Que luz?
“Para mim só contam os que são loucos por alguma coisa, loucos por viver, loucos por falar, loucos para serem salvos, os que querem tudo ao mesmo tempo, os que jamais bocejam, que não dizem banalidades, mas ardem, ardem, ardem como um fogo de artifício.” (Jack Kerouac)
Todas as vezes eu me trancava no quarto e não queria ver ninguém, a ressaca física e moral estava no auge e eu começava a pensar que meu tempo já era, incorrigível perscrutador do próprio umbigo olhava as pernas e achava que minha porção besouro estava se revelando. Com o travesseiro eu esmagava minha cabeça e a culpa me corroia o corpo todo, há muito tempo me inscreveram em uma história que ainda iria acontecer, não há genealogia segura mas Virgínia nos anos 30 deu para um grandississimo filho da puta e como resultado nasceu o futuro, correto, fiel e disciplinado contador, aquele que escapou de uma prisão e caiu nas garras da minha mãe. Talvez aí esteja a origem de toda a minha teimosia, dor e falta de paz. Os cabelos grisalhos avisam que o corpo já está saturado de som e rock’n roll mas as ruas, as luzes, as noites hipodérmicas me chamam e eu me sinto o super-homem nos paraísos- bares artificiais. Como toda ilusão, feito miragem no deserto aquilo desaparecia e me vejo perdido entre o inferno e o céu. As costas de Deus estão pesadas e desconfio que não haverá salvação; onde a luz? Que luz?
Não sou muito de torrar as "paciência", muito menos de falar "cas parede", mas queria desabafar uma coisa: Para se conseguir uma 2ª via de identidade nessa porra, é necessário ir para uma fila do caralho, às duas da manhã e esperar que ÀS 08:30, um FILHO DO PESTE apareça para distribuir 30 SENHAS, que serão atendidas no máximo até as 10:00, e ninguém te atende mais depois disso, nem a tiro, nem a pau, nem por decreto, se Jesus aparecesse depois do horário, não tenham dúvida de que teria que voltar na madrugada seguinte. E é absurdo dizer que isso é um absurdo! Ficam lá com o dedo enfiado no cu, assistindo TV. E fico EU, como indigente, um "mato-fino" sem RG, que nem um filho da puta. Se me pegarem porre pela rua, gritando "coisas cruéis", ou dando em cima da mulher do próximo, sei lá, dando uns "coelho" com uma moça de família qualquer, vai ser porrada e cadeia na certa. Tudo porque eu me recuso a ficar a madrugada inteira, ao relento, esperando por uma merda de uma senha. A madrugada é feita pra fazer amor, meu senhor, meu irmão! Mesmo que eu broxe depois da quarta ou da quinta, não importa. Também não vou pagar propina pra furar fila nenhuma, nem vou puxar o saco seja de quem for. Quero apenas entrar naquela porra, NO HORÁRIO DE ATENDIMENTO, pegar a fila comum, não me importa o tamanho, pagar a taxa que for e sair de lá com o meu crachá de brasileiro. Antes de mudar esse país é preciso exterminar os "GALA-SECA" de ambos os sexos, os "CU DE BURRO do QI". MORTE AOS PARASITAS! E Viva a Brôa de milho, a cachaça, o tucunaré, Gonzagão e Patatita do Assaré.
Não sou muito de torrar as "paciência", muito menos de falar "cas parede", mas queria desabafar uma coisa: Para se conseguir uma 2ª via de identidade nessa porra, é necessário ir para uma fila do caralho, às duas da manhã e esperar que ÀS 08:30, um FILHO DO PESTE apareça para distribuir 30 SENHAS, que serão atendidas no máximo até as 10:00, e ninguém te atende mais depois disso, nem a tiro, nem a pau, nem por decreto, se Jesus aparecesse depois do horário, não tenham dúvida de que teria que voltar na madrugada seguinte. E é absurdo dizer que isso é um absurdo! Ficam lá com o dedo enfiado no cu, assistindo TV. E fico EU, como indigente, um "mato-fino" sem RG, que nem um filho da puta. Se me pegarem porre pela rua, gritando "coisas cruéis", ou dando em cima da mulher do próximo, sei lá, dando uns "coelho" com uma moça de família qualquer, vai ser porrada e cadeia na certa. Tudo porque eu me recuso a ficar a madrugada inteira, ao relento, esperando por uma merda de uma senha. A madrugada é feita pra fazer amor, meu senhor, meu irmão! Mesmo que eu broxe depois da quarta ou da quinta, não importa. Também não vou pagar propina pra furar fila nenhuma, nem vou puxar o saco seja de quem for. Quero apenas entrar naquela porra, NO HORÁRIO DE ATENDIMENTO, pegar a fila comum, não me importa o tamanho, pagar a taxa que for e sair de lá com o meu crachá de brasileiro. Antes de mudar esse país é preciso exterminar os "GALA-SECA" de ambos os sexos, os "CU DE BURRO do QI". MORTE AOS PARASITAS! E Viva a Brôa de milho, a cachaça, o tucunaré, Gonzagão e Patatita do Assaré.
A banda Mal Nenhum era composta por insanos, vagabundos e famintos. Mesmo depois de 10 anos, olho essa música e não consigo deixar de sentir a mesma arrogância e vulgaridade desconfortáveis da época em que tocávamos pelos pontos de ônibus da BR 316. A fita cassete (hoje perdida) gravada na minha cozinha contava com quatro canções: Br 316, Gonorréia Vocal, Interlúdio e a minha preferida: Blues do fim da tarde. (minha ex mulher tentou me matar dois dias antes) Todas compostas sob o furor de uma indigestão amorosa de macarrão com sardinha e taças e taças de vinho barato. As letras de temática perversa, masoquista, as melodias distorcidas pelos violões de cordas sujas e minha voz ainda forte, segura de sua desafinação, ainda não massacrada por noites e noites de sórdidas madrugadas, mostravam claramente o quanto eu andava ferido, indignado e chocado. As canções viraram mito, lenda. Ninguém sabe o que aconteceu com elas, mas continuam sendo tocadas por aí, em algum lugar empoeirado, mal iluminado e fedido. Gosto de pensar que mudamos pra melhor, mas até onde sei continuamos meio insanos, vagabundos e famintos. Ave Carlos Solaris, onde ele estiver.
Trilha sonora: (Cesárea Évora; "Calabar", de Chico Buarque)
Veraz que o peso das ervas
carregará para longe
os maus agouros,
o mal-olhado
o Mal
enfim lavado
por chás e folhas e óleos
e outros
compostos de fé.
Veraz que o peso dos peixes
em postas dispostas à venda
carregará a fome para longe
em pratos de comida contada
em reais contados
saídos de carteiras rotas.
Veraz que o peso do desejo
inscrito em corpos magros
trará para perto a satisfação paga
em esquinas e quartos de hotéis baratos
e em chão-cama feito nas sombras
com papelões fartos.
Veraz que o peso das torres
de aço fincado
manchará de azul a beira d´água,
trará à memória sem eira nem beira
a água navegada
e o vôo dos abutres
sobre velas abertas
por ventos incertos,
soprados pela vida
de pescadores atemporais.
Veraz que o peso dos barcos
atracados e reclusos
do tempo das marés
marca o ir e vir
de séquito de povos e reses
de fortunae de reveses
de séculos de baía aberta
em sinas
ou escolhas.